
Mulheres & o mar
Safira
Por Rose Mary Gerber – Dra. Antropologia Social
Exposição com audiodescrição
Safira
Pescadora conhecida como Neneca, aprendeu a pescar aos oito anos com seu pai e sua mãe, “mas aprendi muito mais com a mãe: remendar rede, entralhar, fazer, tudo”.

Introdução
Mulheres e o mar: Safira é uma exposição que resulta de minha pesquisa de doutorado em Antropologia Social pela UFSC, finalizado em 2013 cuja tese virou o livro “Mulheres e o Mar”. Nos 11 meses de meu trabalho de campo observei, convivi e participei do cotidiano dessas mulheres buscando entender como se reconhecem, são reconhecidas, e buscam seus direitos como pescadoras.
Safira é a pescadora com quem mais convivi, e continuo convivendo. Por isso, a escolha de imagens que a registram em um cotidiano instigante. Nas palavras de Safira: "Se eu posso resumir o que é a vida na pesca para vocês da universidade entenderem, poderia dizer assim: seis anos, faculdade; 10 anos, mestrado; 15 anos, doutorado. 20 anos: tudo está só começando. De tão complexo que a pesca é."
As pescadoras com as quais convivi trabalham em embarcações pequenas deslocando-se ao mar e retornando a terra em períodos que oscilam de três a 16 horas, dependendo o tipo de pesca, pois muitas são as possibilidades de vida ligadas ao mar que, além de fonte de alimentação e renda, é “terapia” e aprendizados.
Conforme nos resume Safira de forma sábia e profunda: "Para pescar e para viver é preciso concentração, atenção naquilo que se está fazendo: no mar e na vida. Se distrair, por um momento que seja, na pesca, é colocar em risco a perda da vida. Se distrair, na vida, é deixar de viver o momento. E é só isso que temos: o momento. Isso a pesca nos ensina. Mas o grande desafio não é a pesca. É a vida" (Safira, pescadora, Barra do Sul).

Camaradas: Safira & Nezinho
No mundo da pesca artesanal se chama camarada a pessoa que trabalha junto. Neneca e Nezinho são camaradas na pesca e na vida. Fazem tudo junto, sempre em diálogo, e visível admiração, amor e respeito.
Uniforme no mar: macacões de oleado
Esta é a vestimenta usada para pescar. Feita para corpos de homens, as mulheres precisam se adaptar, pois não há abertura frontal caso se necessita fazer alguma necessidade. Por isso, sem dúvida eu e as mulheres que embarcam lá fora: todos têm corpos de homens.


Prontos para sair ao mar
Nezinho, Neneca e eu prontos para mais um dia de pescaria cada qual com sua indumentária propícia para saídas para pescar, seja dia de fartura ou de miséria.
Caminho para o mar
Para sair ao mar em Barra do Sul precisamos passar a “boca da barra”, local considerado mais perigoso, pois depende muito de como está o tempo para ter-se sucesso. No caminho, imagens especiais como esta que escolhi de rancho e embarcações tirada em um dia belo e calmo de sol.


Dia de puxar as redes
Uma das pescas realizada por Neneca é a “de espera”. Colocam-se as redes em um dia e vai se tirar no seguinte como mostra a imagem que registrei de Neneca começando a puxá-las.
Hoje o mar deu
Na vida da pesca se lida com ritmos e temporalidades, não só de tempo ruim ou bom para sair ao mar, mas também sobre tempos de fartura ou de miséria. Tem dias que se comemora enquanto em outros se aquieta. Este foi um dia feliz!


Outro dia: será que vai dar?
O ritmo da pesca se faz através de um processo de repetição diário de ir, vir, limpar peixes e embarcações, ir de novo, voltar, sempre com a mente inquieta na dúvida se vai ou não dar uma boa pescaria.
O tempo virou para ruim
Este é um grande risco de uma das profissões consideradas mais perigosas do mundo que diz respeito a sair com tempo bom e, do nada, ele “virar”. Voltar para casa é uma aventura que, para alguns, nem sempre é bem sucedida. Nesse dia, o tempo virou, mas voltamos bem.


Consertar as redes
Este apetrecho tão central na pesca é um dos que mais é danificado em dias de tempo agitado. Chegando em casa, só resta organizar tudo e começar a remendar, remendar, remendar, pois no dia seguinte se sai novamente.
Detalhes do conserto
No ato repetitivo de consertar uma rede se usa principalmente as mãos, mas o corpo de modo geral serve de apoio, incluído os pés que servem de suporte para o bem costurar o pano de rede.


Tudo é feito em dupla: Neneca e Nezinho
Para agilizar o trabalho feito a quatro mãos, enquanto um remenda um lado, o outro confere o outro e corta os nós que sinalizaram o local que o remendo deve ser feito.
Será que hoje dá
Tem dias que o cansaço já acorda com a pescadora e ela faz uma oração ao caminho do local de soltar as redes de pesca pedindo ao Grande Pai que hoje dê uma boa pescaria para alimentar os seus e para vender aos clientes que a aguardam em terra.

Créditos
Exposição: Mulheres e o Mar - Safira
Rose Mary Gerber
Dra. Antropologia Social
Autoria e curadoria
Ticiano Alves
Coordenador de Exposições
Museu Marítimo EXEA
Diagramação e coordenação das audiodescrições
Allison (persona)
VoiceGen Envato
Audiodescrições (voz)
Ocean's Embrace
MusicGen Envato
Música Ambiente
Leandro Vilar
Diretor Geral
Museu Marítimo EXEA
Camila Rios
Diretora Técnica | Museóloga
Museu Marítimo EXEA
Raphaella Belmont Alves
Diretora Executiva | Revisora ortográfica
Museu Marítimo EXEA
Revisão da Exposição
© Todos os Direitos Reservados.
Curadoria Legal


Redes no mar: resta esperar
Redes soltas em local identificado pela bandeira de sinalização é hora de voltar a terra e se concentrar nos inúmeros afazeres até que o novo dia chegue para ir tirar as redes e ver o seu resultado.