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Mulheres & o mar

safiras da pesca

Por Rose Mary Gerber – Dra. Antropologia Social

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Iliete

Iliete, de Itapoá, litoral Norte catarinense, tem a convicção de que: “o grande passo na nossa vida foi que eu tive coragem de fazer um financiamento. A primeira vez foi difícil porque eles não queriam fazer para mulher. Eles alegavam que mulher não pesca. Como ela vai pagar? Mas eu fiz e paguei!”.

Josi

Josi, pescadora que atua com seus irmãos e tios em Armação do Pântano do Sul, Florianópolis: “a pesca é uma área que tem desafio e, para mim, quanto mais desafio melhor. Quanto mais diz que não dá, mais eu vou lá e faço”.

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Mãezinha

Mãezinha, São Francisco do Sul: “sou conhecida como Mãezinha. Até minha bateira tem o nome de Mãezinha. Adoro a vida no mar. Quero morrer nela. Eu tenho orgulho de ser pescadora e levar a vida que levo e mais tarde, os meus netos vão dizer: a minha avó foi pescadora”.

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Adriana

Adriana, Barra do Sul: “desde pequena o pai ia pescar e eu queria ir junto. Comecei. Fui crescendo, aprendendo. Hoje, pesco com meu marido. O trabalho da pesca tem que ser a dois. A vida na pesca é a liberdade, é ar livre, natureza, coisa que muita gente não tem”.

Naca

Naca: vive em Cantos dos Ganchos, Governador Celso Ramos: “a minha mãe botava as roupas do pai em mim porque não tinha roupa para eu pescar. Eu era a filha mais velha e, naquela miséria, tinha que ir, tinha que fazer. Gosto de pescar sim. Eu sou Naca. Uma pescadora de verdade”!

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Tansinha

Tansinha descansa: companheira de afazeres, idas e retornos, sem embarcação não há pesca. Enquanto se faz o trabalho em terra ela fica, quieta, esperando o próximo movimento.

Dona Si

Dona Si, Barra do Sul. As mãos que envelhecem na pesca são vincadas, marcadas pelo sol e pelas lidas diárias: “eu trabalho na pesca sempre. Eu, meu marido, meus filhos e minhas noras. Envelheci na pesca”.

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Bandeiras de sinalização

O mundo da pesca tem uma organização própria em que as bandeiras fazem parte e sinalizam de quem é aquele “ponto de pesca”. Cada um sabe qual é a sua bandeira.

Chegando em terra

Voltar do mar não é só ter concluído uma tarefa do dia, mas saber que se está vivo usufruindo a segurança de quem voltou.

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 A pesquisadora e o mar

Aprendi muito com as pescadoras, mas também com o mar. Aprendi que ele manda se saímos e quando voltamos. Um mundo fascinante, este da pesca, de pescadores e pescadoras.

Créditos

Exposição: Mulheres e o Mar - safiras da pesca

Rose Mary Gerber

Dra. Antropologia Social

Autoria e curadoria

Ticiano Alves

Coordenador de Exposições

Museu Marítimo EXEA

Diagramação

Ocean's Embrace

MusicGen Envato

Música Ambiente

Leandro Vilar

Diretor Geral

Museu Marítimo EXEA

Camila Rios

Diretora Técnica | Museóloga

Museu Marítimo EXEA

Raphaella Belmont Alves

Diretora Executiva | Revisora ortográfica

Museu Marítimo EXEA

Revisão da Exposição

© Todos os Direitos Reservados.

Curadoria Legal

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Introdução

Mulheres e o mar: safiras da pesca é a parte II da exposição Mulheres e o Mar, resultado de minha pesquisa de doutorado em Antropologia Social pela UFSC, 2013, cuja tese se transformou no livro “Mulheres e o Mar”. Meu trabalho de campo durou 11 meses nos quais percorri o litoral de Santa Catarina, Sul do Brasil, participando do cotidiano de profissionais que se autodenominam “mulheres de valentia”. O propósito foi captar meandros de como se constroem e se reconhecem como pescadoras.

 

Safira, com quem mais convivi, foi o foco da Parte I da exposição. Como, além de nome próprio, safira é uma pedra preciosa, escolhi este nome para a Parte II da exposição: “safiras da pesca”. Vejo estas mulheres como preciosidades com as quais tive oportunidade de conviver, aprender e compartilhar histórias e memórias sobre saberes-fazeres de vidas. As pescadoras que encontrei trabalham com maridos, filhos, irmãos, genros, filhas. São as suas “camaradas”. Em alguns casos elas são as mestras das pequenas embarcações com as quais se deslocam.

 

A maioria foi iniciada na pesca muito cedo com seus pais, entre 8, 9, 10 anos, em trajetórias pautadas por dificuldades econômicas, “pobreza”. Geralmente as filhas mais velhas. Outras se impuseram na pesca, mesmo os pais não querendo que saíssem ao mar. Desde cedo instigava a curiosidade em saber como era pescar. Outras tiveram os maridos como mestres. Algumas foram elas próprias, as mestras de seus maridos. Cada qual me dizia que se acostumou com a atividade; ou que é “só isso” que sabe fazer. Em comum, o riso, o bom humor e a jocosidade, aliados ao uso de expressões como “gostar, amar, ter paixão, vício” pela vida no/do mar.

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