País
Portugal
Cidade / Região
Cascais / Lisboa
Data da construção
Edificado em 1590 por ordem de Filipe I de Portugal (II de Espanha). O projeto inicial foi do engenheiro militar napolitano Frei Vicêncio Casale, que chegou a Portugal em 1589 ao serviço da Coroa espanhola. A construção insere-se no esforço filipino para reforçar a defesa de Lisboa, considerada vulnerável. Foi modificado pelo próprio Casale e novamente após 1640, no âmbito da reforma das fortalezas costeiras pela Coroa portuguesa restaurada. Esta origem e autoria sublinham a integração da defesa costeira portuguesa na estratégia militar global da Monarquia Hispânica durante a União Ibérica, visando proteger um ponto vital do seu império compósito.
Estado de conservação
Classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP). Após um período de abandono e vandalismo, encontra-se em processo de recuperação através de um protocolo entre a Câmara Municipal de Cascais e o Ministério da Defesa Nacional.
Latitude e Longitude
38°41'54"N 9°23'02"W
Características principais
Forte militar de planta estrelada com quatro baluartes angulares. Possui uma bateria baixa retangular ao longo das faces viradas ao mar. A entrada, na muralha sudeste, é antecedida por uma ponte (originalmente levadiça). Ao centro, erguem-se dois edifícios oblongos de três pisos, unidos por uma ala coberta, que albergavam casernas, armazéns e a casa do governador. Inclui uma pequena capela. Dispõe de bateria alta virada a Sul e guaritas nos cunhais dos baluartes. No exterior, apresenta um amplo fosso com contraescarpa, caminho coberto e esplanada (hoje arborizada). A sua planimetria é considerada "pouco usual" no contexto das fortalezas da barra do Tejo, mas foi a mais importante entre a Cidadela de Cascais e São Julião da Barra. Os espaços interiores conservam património integrado do período do Estado Novo, nomeadamente painéis de azulejos azuis e brancos ou polícromos com representações de monumentos nacionais ou cenas históricas. As modificações pós-1640 indicam a apropriação e adaptação da estrutura pela Coroa Portuguesa restaurada, integrando-a na sua própria estratégia defensiva. A presença posterior de azulejaria do Estado Novo demonstra a contínua re-significação e utilização do forte ao longo de diferentes regimes políticos em Portugal.
Fonte(s)
AZEVEDO, Carlos de; GUSMÃO, Adriano de; FERRÃO, Julieta. Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: [s.n.], 1973. t. 2 e 3.
BARROS, Maria de Fátima Rombouts; BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira. As fortificações marítimas da costa de Cascais. Lisboa: Quetzal Editores, 1990.
MOREIRA, Rafael. "A arquitectura militar". In: História da Arte em Portugal - O Maneirismo. Lisboa: Publicações Alfa, 1986. v. 7.
RAMALHO, Maria Margarida Marques; PEREIRA, Tereza Marçal; MACEDO, Silvana Costa; GODINHO, Helena Campos. "Levantamento do património concelhio de Cascais. 1975 - Herança do património arquitectónico europeu". Arquivo de Cascais, Cascais, 1987.