Descrição
Principal porto negreiro da França e um dos mais importantes da Europa, localizado no estuário do rio Loire. Sua economia nos séculos XVII e XVIII foi profundamente marcada pelo comércio triangular e pela indústria naval.
Ano da Fundação ou da Fonte mais antiga
Ocupação desde a Idade do Ferro pelos Namnetes; porto galo-romano (Portus Namnetum). As primeiras expedições negreiras datam de meados do século XVII (1657 mencionado). Auge da atividade no século XVIII.
País (Estado ou Região)
França
Local
Nantes, Loire-Atlantique, no rio Loire, com acesso ao Atlântico através de seu estuário.
Estruturação
Porto fluvial que se estendia ao longo das margens do Loire. Desenvolvimento de cais importantes como o Quai de la Fosse (centro da atividade mercantil e negreira). Construção de canais e docas na Île de la Prairie-au-Duc a partir de 1840 para modernizar o porto. Grande centro de construção naval com múltiplos estaleiros (Dubigeon, Chantiers de la Loire, Ateliers et Chantiers de Bretagne) que operaram até o século XX. Devido às limitações de calado do Loire, utilizava avant-ports como Paimbœuf, Mindin e Couëron para navios de maior porte. Infraestrutura incluía guindastes históricos (Grue Noire, Grue Jaune) e armazéns. O Canal de la Martinière (final do séc. XIX) foi uma tentativa de melhorar o acesso marítimo.
Anotações
Foi o principal porto negreiro da França, responsável por mais de 40% das expedições do país (quase 1800 viagens) e pelo transporte de mais de meio milhão de africanos escravizados. O auge da trata ocorreu no século XVIII, quando a cidade dominou o comércio triangular francês. A proximidade com Lorient e o acesso a produtos de troca como têxteis (indiennes) e cauris contribuíram para seu sucesso na trata. Foi também um grande centro de construção naval, produzindo muitos dos navios usados no comércio colonial e na trata. A imensa riqueza gerada por essas atividades levou a um grande desenvolvimento urbano e ao enriquecimento da burguesia mercantil e dos armadores, cujas mansões ainda marcam a paisagem da cidade. O Guide du commerce (1771) de Gaignat de l'Aulnais, negociante de Nantes, é um raro manual de contabilidade focado especificamente na gestão financeira da trata negreira.
Fontes
ARCHIVES DÉPARTEMENTALES DE LOIRE-ATLANTIQUE. Guide des sources sur l'histoire industrielle. [s.d.].; ARCHIVES DÉPARTEMENTALES DE LOIRE-ATLANTIQUE. L'essor d'un grand port (1500-1700). [s.d.].; BOOKS.OPENEDITION.ORG. Les grues du port de Nantes. 2019.; BOOKS.OPENEDITION.ORG. Nantes et son territoire. 2011.; CAIRN.INFO. Enseigner les traites, les esclavages, les abolitions. 2021.; CHÂTEAU DES DUCS DE BRETAGNE - MUSÉE D'HISTOIRE DE NANTES. Unité d'enquête historique: l'âge industriel. [s.d.].; CHATEAUNANTES.FR. Nantes et la traite des Noirs. [s.d.].; GEOGRAPHIE.ENS.FR. Une brève histoire de l'industrie. [s.d.].; MÉMORIAL DE L'ABOLITION DE L'ESCLAVAGE - NANTES. Nantes, la traite atlantique et l'esclavage. [s.d.].; NANTES PATRIMONIA. Aménagements portuaires au 19e siècle; Aménagements portuaires au 20e siècle. [s.d.].; NANTES SAINT-NAZAIRE PORT. L'histoire du port. [s.d.].; OXFORD BIBLIOGRAPHIES. French Port Cities. 2011.; PEDAGOGIE.AC-NANTES.FR. Nantes, la traite et l'ascension d'une bourgeoisie marchande. [s.d.].; RESEARCHGATE. Comptabilité et traite négrière. [s.d.].; RESEARCHGATE. Nantes 1900 - la maquette du port. [s.d.].; SNES.EDU. Actes du colloque: Enseigner l'histoire de la traite négrière. [s.d.].; WIKIPEDIA. Histoire de la construction navale dans l'estuaire de la Loire; Commerce triangulaire; Traite négrière à Nantes. [s.d.].
